«Essas são as grandes prioridades» , defendeu
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, disse esta sexta-feira ao embaixador do Irão em Portugal que o regime iraniano devia «tratar com cuidado as mulheres, as jovens estudantes» , e que estão em causa os direitos humanos.
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O chefe de Estado deixou esta mensagem durante uma visita ao Bazar Diplomático, no Centro de Congressos de Lisboa, iniciativa de solidariedade realizada anualmente, que nesta edição não contou com bancas da Federação Russa nem da Ucrânia.
Ao passar pela banca da República Islâmica do Irão, Marcelo Rebelo de Sousa conversou com o embaixador Morteza Damanpak Jami e ao despedir-se disse-lhe: «Deviam tratar com cuidado as mulheres, as jovens estudantes, as mulheres, porque é bom para vocês e bom para o mundo».
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Subscrever É uma questão de «direitos humanos», assinalou o Presidente da República, que falava em inglês, com jornalistas à sua volta.
À saída do Centro de Congressos de Lisboa, Marcelo Rebelo de Sousa confirmou ter dito ao embaixador do Irão «que olhasse para a forma como as autoridades iranianas estão a lidar com o papel da mulher e a intervenção cívica das jovens mulheres no Irão, defendendo os seus direitos» .
«É uma questão de direitos humanos. Ele ouviu. Eu estava lá e eu aproveitei para lhe dizer» , acrescentou.
Nesta visita ao Bazar Diplomático, Marcelo Rebelo de Sousa teve uma conversa animada com o embaixador da República Popular da China em Portugal, Zhao Bentang, a quem sugeriu: «Apareça um dia lá no Palácio de Belém, em Lisboa, está bem? Para me explicar o Congresso do Partido [Comunista da China (PCC)], para eu perceber».
O chefe de Estado passou pelas bancas de venda de produtos típicos de cada país, demorando-se mais tempo na de França. Na de Cabo Verde informou: «Lá estarei no Mindelo no dia 10 de dezembro, para uma homenagem a Amílcar Cabral, na universidade».
Marcelo Rebelo de Sousa recebeu um convite para visitar o Sultanato de Omã e respondeu que «gostava muito, muito» de lá ir.
Aos representantes de Cuba, perguntou «quando vem o Presidente» Miguel Díaz-Canel a Portugal, enquanto no espaço da Argentina reiterou vontade de realizar a sua visita a este país, que tem sido adiada: «Sim, sim, vamos fazê-lo, tem de ser».
«O Brasil é todo o máximo, todo, todo, todo, o mar, o céu, a terra, tudo, a gente» , exclamou o Presidente da República, no ‘stand’ brasileiro, onde recebeu o livro «História do Brasil através da caricatura».
O Bazar Diplomático é promovido pela Associação das Famílias dos Diplomatas Portugueses, conta com o apoio da Fundação AIP e com o patrocínio do chefe de Estado, que desta vez se fez acompanhar em parte da visita pelo presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Carlos Moedas.
Marcelo defende escrutínio da comunicação social e oposições em maioria absoluta O Presidente da República defendeu que é muito importante o papel da comunicação social quando há maioria absoluta assim como o papel das oposições no escrutínio do Governo, suscitando casos e críticas.
A propósito da demissão do secretário de Estado Adjunto do primeiro-ministro, Miguel Alves, após ser acusado do crime de prevaricação, e interrogado se não considera que têm surgido casos a mais sobre atuais governantes, o chefe de Estado respondeu: «Essa é a função da comunicação social e a função das oposições: é suscitarem os casos ou aquilo que pode motivar crítica ou divergência em relação ao Governo«.
«É uma ilusão pensar que maioria absoluta significa paragem da democracia, suspensão da democracia. Não, a democracia continua. Nós já tivemos outras maiorias absolutas, e sabem que nessas maiorias absolutas o papel da informação é muito importante» , acrescentou.
Marcelo Rebelo de Sousa deu como exemplo o papel do jornal O Independente «em plena maioria absoluta do primeiro-ministro Cavaco Silva» , entre as décadas de 1980 e de 1990, e realçou também a importância «dos partidos da oposição».
Recusando pronunciar-se sobre «casos concretos, muito menos sobre casos futuros ou eventuais» , o Presidente da República aconselhou: «Vamos deixando correr a democracia como ela é, naturalmente. Quem tem de governar, governa. Quem tem de fazer oposição, faz oposição».
«A função das oposições é, naturalmente, quando concordam, chegar a acordo com o partido do Governo – na revisão constitucional ou no aeroporto ou em certas matérias -, quando discordam, levantar essa discordância, suscitar essa discordância e manter o Governo sujeito ao escrutínio público, tal como a comunicação» , sustentou.
Questionado sobre a notícia de que o primeiro-ministro, António Costa, admite processar o anterior governador do Banco de Portugal, Carlos Costa, por causa de afirmações feitas no livro «O Governador», da autoria do jornalista Luís Rosa, o chefe de Estado não fez qualquer comentário.
«Não li o livro, portanto, não vou comentar um livro que não li. Chegou-me às mãos ontem [quinta-feira], passei uma vista de olhos rápida, mas ontem [quinta-feira] não foi um dia propício a ler uma obra de 300 ou 400 páginas, portanto, não vou comentar um livro que não li» , justificou.
Nestas declarações aos jornalistas, Marcelo Rebelo de Sousa apontou 2023 como «um ano fundamental» para a evolução da guerra na Ucrânia e das suas consequências e também «um ano fundamental para os fundos europeus e para recuperar a economia» no plano interno.
«Essas são as grandes prioridades» , defendeu.
Quanto à pandemia de covid-19, o chefe de Estado considerou que a sessão desta sexta-feira no Infarmed, em Lisboa, «mostrou que não havia, olhando para os dados, um risco de ressurgir» em Portugal como no passado, mas que é preciso «atenção e prevenção» nesta matéria.